Noite de barbárie: farra do boi, tradição que desafia a lei.

Nos dias que antecederam a Páscoa, 2 e 3 de abril, o repórter Renan Koerich, do Diário Catarinense, com o apoio da estudante de jornalismo Alanna Kern, observou a realização de uma farra do boi no município de Governador Celso Ramos, na região da Grande Florianópolis.

As ruas estreitas à beira-mar são tomadas pela multidão. Cada grupo traz o seu carro e coloca o volume do som no máximo, com vários estilos musicais. As casas de estilo açoriano ficam lotadas e as pessoas vão para as ruas. É festa, uma espécie de Carnaval fora de época. Os vendedores ambulantes instalam-se e, com a bebida e a música, a brincadeira com o boi pode começar. Os grupos de farristas são organizados. Cada um tem uma camisa personalizada para poder arrecadar o dinheiro da compra dos animais. Com o passar das horas, os carros com reboque trazem o animal até o meio da multidão. Motos carregando até três ou quatro pessoas e carros lotados seguem buzinando avisando que a farra vai começar. Ansiosos, os curiosos cercam o veículo, e então o animal é solto. Forma-se uma espécie de roda, onde os corajosos usam a camisa como uma capa e atiçam o boi, que furioso e assustado debanda em direção aos farristas, tentando fugir das agressões que se repetem de todos os lados. Durante a noite foram vistos cerca de cinco ou seis bois soltos pelas ruas e nenhum policial para coibir a farra. A cidade se transforma em um local onde as leis são ignoradas. Nos bairros onde tudo acontece, nem a polícia e as ambulâncias são vistas.

A única lei respeitada entre os farristas é a do silêncio. Na primeira hora da manhã, todos os carros desligam os sons, numa espécie de acordo entre os moradores e os participantes da festa.

MP vai investigar os farristas.

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Fonte: jornal Zero Hora, de 06/04/2010.

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É lamentável a falta de respeito de alguns seres ditos humanos com os animais indefesos. Somos realmente civilizados?