Drauzio – As pessoas estão vivendo mais. Que cuidados devem ser tomados nas casas onde moram idosos?
Dario Birolini – Pela experiência que tem, o idoso sabe que não pode enfiar o dedo na tomada elétrica nem lidar com facas afiadas sem prestar atenção. Entretanto, ele está mais propenso a sofrer traumatismos provocados por quedas e, muitas vezes, cai porque vive num ambiente inadequado: escadas sem corrimão, banheiros sem barras de apoio, tapetes soltos, chão encerado, ausência de instrumentos que permitam deambulação segura dentro de casa. Algumas modificações no espaço em que o idoso vive são essenciais para adaptá-lo às necessidades das pessoas mais velhas e evitar acidentes.
Drauzio – Nos países desenvolvidos, a preocupação em adaptar os ambientes visando à maior segurança aos idosos prevê que as tomadas elétricas sejam colocadas mais alto para evitar que se abaixem e não haja quinas em que possam bater.
Dario Birolini – Não podemos esquecer que, cada vez mais, no planeta Terra, existe a variedade senescente do Homo sapiens que, por viver mais, está se transformando num desafio para todas as áreas do conhecimento: medicina, engenharia, arquitetura, etc.
Drauzio – Você falou que as quedas são mais freqüentes nas pessoas de idade que podem tropeçar num tapete ou escorregar e cair. Como se avalia a gravidade de uma queda?
Dario Birolini – Essa é uma pergunta muito difícil de responder, porque uma das características da doença trauma é que não obedece a nenhum padrão definido. É diferente da apendicite, por exemplo, que apresenta uma seqüência de sintomas no decorrer de horas ou dias Nos traumas, é preciso considerar que, segundos antes, a pessoa estava absolutamente normal e, de repente, escorregou, caiu e bateu a cabeça. Como agir nessas situações? Em primeiro lugar e talvez o mais importante, é verificar se a pessoa está lúcida, se não perdeu a consciência, ainda que temporariamente. Se permaneceu consciente, ela dará informações sobre o que lhe dói e como se sente, informações que orientarão a conduta. Se não se queixar de nada muito definido e conseguir mexer as pernas e os braços, aguarda-se um pouco para ver como evolui o caso. Agora, se perdeu os sentidos, ainda que os recupere depois, especialmente se tiver mais idade, é imprescindível que seja levada a um serviço médico de emergência para avaliação. O atendimento dispensado nos primeiros minutos depois da queda pode ser crucial no sentido de evitar que ocorram lesões mais graves no futuro.
Drauzio – Por que levar a um serviço de emergência é importante até quando a pessoa recuperou a consciência logo depois da queda?
Dario Birolini – O período de inconsciência, mesmo que passageiro, pode ser indício de um problema grave que irá ocorrer alguns minutos ou horas depois e que poderia ser evitado se a pessoa fosse atendida a tempo. Sem querer ser alarmista, ela pode morrer se não for levada a um serviço médico de emergência para avaliar seu estado geral depois da queda.
Drauzio – Que lesões pode apresentar a pessoa lúcida e consciente que sofreu uma queda?
Dario Birolini – Basicamente, a pessoa pode apresentar lesão em um membro (caiu, bateu a mão, o braço ou a perna e quebrou um osso, por exemplo). Estando lúcida e consciente, ela informará o que está sentindo (dor quando mexe a perna ou o braço pode ser sinal de fratura). Lesões que provocam dores internas no abdômen ou no tórax são mais difíceis de diagnosticar e exigem a realização de exames específicos. Dependendo da situação e dos sintomas, a pessoa deve ser encaminhada ao pronto-socorro para atendimento de emergência.
Drauzio – No caso de traumas na cabeça, sem perda da lucidez e da consciência nas horas subseqüentes, quais os sinais indicativos de que a pessoa deve ser levada imediatamente ao pronto-socorro?
Dario Birolini – A manifestação mais importante é sempre o estado de consciência. Se ficar sonolenta ou apresentar uma quebra no nível da consciência geral, a pessoa precisa ser encaminhada, o quanto antes, a um serviço de emergência.
Outras manifestações são muito difíceis para o leigo avaliar. Dizer se as pupilas estão iguais ou não e se respondem ao estímulo luminoso requer treinamento profissional adequado. Por isso, volto a insistir: na dúvida, um médico deve avaliar o caso, especialmente se pessoa tiver muita idade.
Daqui:
www.drauziovarella.com
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